segunda-feira, 9 de julho de 2012

Juventudes



  A juventude nunca será um tópico esgotado para qualquer discussão. Uma observação, ainda que rasteira, permitirá concluir que, não importa a época, a juventude sempre foi tida como um problema. Tome-se os anos 50 à 70, por exemplo: o nascente estilo do rock foi o porta voz de uma geração que queria se fazer ouvir, seja nos dramas da instituição burguesa por excelência - a família - seja em âmbitos maiores, como as guerras da Coréia e, principalmente, Vietnã. Interessante é observar a reação das "pessoas grandes" daquela época vendo seus filhos crescendo ao som frenético de uma guitarra, conhecendo seus corpos em festivais históricos onde a repressão e o moralismo eram simples valores decadentes. Esses pais conclamavam a opinião pública contra essa "juventude transviada", perplexos ante uma geração que germinava de si mesma, não remetendo a nada jamais visto.
  Não é estranho esses mesmos jovens, hoje então pais de família, observarem, perplexos, uma geração que nada resguarda daquele ímpeto revolucionário e artístico, libertando-se em bailes e pancadões de toda a espécie? 
  É estranho: não há nada nessa geração atual que remeta ao ativismo do emblemático ano de 68, ou mesmo dos "caras pintadas" (não se discuta aqui a manipulação midiática por trás do movimento); o fato é que, tendo ou não uma opinião ou formação política autônoma, aqueles jovens estavam preocupados com algo além deles mesmos. Seus passos não se impulsionavam para bailes hedonistas, e a história se encarregaria de um lugar para eles em seus registros.
  Entretanto, muitos foram os que apontaram o hedonismo atual como simples resultante das "duvidosas conquistas" daqueles movimentos passados (Sarkozy mesmo já se manifestou negativamente à respeito de 68); de fato, ao menos no que toca à opinião desse blogueiro, mobilizações coletivas sempre serão incógnitas. Há uma ideia coletiva em torno da qual muitas mentes gravitam. Mas quem pode dizer o que cada uma delas espera por trás dessa ideia? O que a "revolução" renderá a mim em especial? E, uma vez que ela se dê, quais serão os resultantes à longo prazo dessa "revolução"? Será que as rodas de pagode e os bailes funk apolíticos já estavam contidos no Woodstock ou nas passeatas da França? 
   Enfim, a juventude atual segue um caminho próprio cujo fim levanta muitas dúvidas. É possível que nossas mentes envelhecidas e antiquadas (ou melhor, que "estão por fora") não enxerguem com nitidez a grande revolução que os jovens de hoje estão gestando, com seus ipods e páginas online de relações mediadas. Talvez, nessa mobilização coletiva em função de fenômenos tecnológicos e busca incessante pelo prazer, um  Sentido maior nascerá, guiando os rumos de nosso país, fomentando uma nova cultura seminal capaz de suplantar e muito os velhos livros e canções chatinhas que não estão na moda...
  Não sei quanto ao leitor, mas minhas pernas já estão velhas demais para seguir essa juvenil comitiva. E, diga-se de passagem, tenho 29 anos.


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